terça-feira, julho 31, 2007

Portfolio

Passei o dia tentando montar meu portfolio. E pra falar a verdade, ainda não tenho muuuita idéia sobre o quê vale a pena colocar nele ou não. O maior problema é que tem muito vídeo, muitos textos em word e quase nada de mídia impressa/online. Mas tudo bem, eu dou um jeito.
Também voltei a trabalhar no Blog Redação Publicitária: A Prática na Prática, de soluções para o livro de Zeca Martins. Depois de mais de um ano em hiatus...

A vida vai fluindo...

segunda-feira, julho 30, 2007

Mantendo vivo o espírito "D. Marocas" :

Ontem deu a maior confusão aqui na rua. Eram umas onze horas da noite, ouvimos uma mulher gritando por socorro, pedindo pra chamar a polícia, enquanto uma voz de homem dizia um monte de impropérios, intercalados por um barulho de portão sendo chutado violentamente. Moramos quase ao lado de um batalhão, mas a polícia custou um pouco a chegar (nessas horas eu penso se foi porque, vendo que era briga de família, os vizinhos preferem deixar o pau comer pra ver até onde vai...). Quando veio também, representou: era viatura da Força Tática da PM pra tudo que é lado. Pensa que o cara se intimidou? Começou a dar carteirada e chamar os oficiais de "gambé"!

(interlúdio moral e cívico)
Olha, eu sou a pessoa mais anti-violência policial e abuso de autoridade que existe. Mas também fico tiririca quando vejo gente folgada desrespeitando polícia de graça. O oficial tá lá exercendo a função dele, inclusive unicamente no sentido de restaurar a ordem que o próprio engraçadinho perturbou, tentando resolver as coisas da melhor forma possível, e tem que agüentar esse tipo de desaforo? Não interessa nem a imagem que você faz da corporação, nem de que lado você está, é somente uma questão de respeito de ambos os lados. E nesse caso estava claro pra todo mundo (e a essa altura a platéia era imensa), que nenhum policial ali estava de má-vontade e ninguém merecia ser ofendido nem chacotado por um mauricinho em "ataque de pelancas".
(fim do interlúdio moral e cívico)

Enfim, o burburinho acabou lá pela meia-noite, sem eu conseguir entender direito o que aconteceu. Só sei que o cara cansou de chamar alguém da casa de "puta", "prostituta", "vagabunda" e similares. Não sei se era a mulher que pediu socorro ou uma outra. Sei que o cara era um dos que moram naquela casa, porque ele também berrou isso várias vezes. Não sei por quê, mas isso tá me cheirando a história de corno...

Bom, sei lá o que aconteceu. Nem sei porque eu tõ fazendo tamanha fofoca, anyway. Confesso que deve ser maldade minha, porque de fato eu não gosto daquela mulher: ela vive se metendo na vida dos vizinhos. Mas se metendo grandão, querendo chamar até a polícia pra separar briguinha boba de casal que ela nem conhece!

Vai ver que é por isso que a rua toda deixou ela berrando...

Até onde vai a cara-de-pau...

Essa eu vi noSP no Ar de hoje:O filho de um empresário é achado dentro do porta-malas do carro, cheio de arranhões, dizendo que ele e o amigo foram seqüestrados e passaram três dias em cativeiro. Mas, na hora de prestar depoimento, as histórias se desencontram e a verdade é revelada: o cara, um tal de Júlio César, é casado,pai de família, e inventou essa história de seqüestro para cair na putaria. "Esclarecido" o fato, ele foi embora da delegacia dirigindo o mesmo carro no qual fora encontrado.

E aí, amiga? Se você fosse a esposa do "espertinho", o que faria?

a)Um escândalo
b)Fugiria de casa e passaria três dias na putaria também
c)Fugiria de casa, passaria três dias na putaria e enviaria as fotos pra ele
d)Mataria/mutilaria
e)Nada.Pediria o divórcio, a guarda dos filhos, medida cautelar e é isso aí.

Notem que "perdoar" NÃO É uma opção. Um ser humano que perdoe uma atitude dessa do cônjuge, com certeza vai viver SE culpando pelo resto da vida. Dignidade, pô..!

domingo, julho 29, 2007

Retratos modernos


Outro dia, estava conversando com meu irmão- estudante de Audiovisual- sobre algumas poses e gestos característicos que as pessoas fazem em fotos, muitas vezes inconscientemente, mas que fazem toda a diferença. Como, por exemplo, aquela campanha da Calvin Klein com a Kate Moss fazendo um gesto...impossível. Digo, olhe bem a foto preto&branco acima e reflita por um momento: você já viu, na "vida real", alguém fazer um gesto assim? Claro que não, pra quê? É uma torção totalmente inútil dos braços...Mas é justamente o que dá o "efeito" da foto, percebe? Antes de eu tirar sua tranquilidade, atentando para o nonsense da posição da modelo, você provavelmente achava que era uma imagem agradável, e só. Mas presta atenção: a maioria das poses "fashion", não fazem sentido algum. Será que é aí que está a "arte" do negócio?

Outra coisa que, mais do que nunca dá pra perceber, é um certo "padrão" de fotografar dessa época. Digo, aquelas fotos que "todo mundo tira". Seja uma estrelinha formada com os dedos dos amigos, ou essas clássicas fotos só do olho. Fuçando um pouquinho no seu próprio grupo de amigos do Orkut, aposto que você vai encontrar no mínimo umas cinco fotos de perfil que têm muitas semelhanças nas poses e estilos. Sinais de "positivo", "paz e amor", "hang loose", "heavy metal" e o infame dedo do meio são infalíveis, inclusive-e principalmente- entre quem abraça uma "tribo" ou outra.
Outros clássicos são as "auto-fotos", individuais ou em dupla, até trio. Em algumas, a pessoa faz questão até de deixar o braço esticadão aparecendo, nem pra disfarçar que a foto foi tirada por si próprio.
.

E pra quem gosta de ter certeza absoluta de que vai sair bem na foto, temos o clichê-master: a foto no espelho, segurando a câmera. Eu diria que esse tipo é o símbolo-mor da nossa geração narcisista! *risos* Essa modalidade de foto é também a campeã nesses fotologs onde o dono (aliás, geralmente a dona), posta uma foto de si mesmo(a) todo dia, com uma cara e boca diferente, ou até mesmo, com a mesma cara de sempre, de preferência com um olharzinho sensual.

Mais legal ainda é quando essas fotos vêm acompanhadas de legendas do tipo :"Por dentro, uma personalidade minha, por fora, um conceito seu!" ou outras pérolas do marketing pessoal, além de séries "jogo rápido" como..:

"♥ doida? Certamente!! Existem pessoas normais?! ♥
♥ simpatica? Sempre q possível!! ♥
♥ amiga? Concerteza!! Amizade em primeiro lugar♥
♥ curiosa? Pq você quer saber? ♥
♥ engraçada? Ahh! eu diria que sou simplesmente feliz! ♥
♥ inteligente?? Com certeza este é um dos questionamentos mais complexos da mente humana onde não conseguimos caracterizar o verdadeiro Q.I das pessoas sem conhece-las! ♥
♥ convencida?? Não, sou apenas realista!! ♥
♥ desligada?? O q eu estava falando mesmo!? ♥
♥ sem graça? Ahh sei lá! ♥
♥ debochada? Quem, eu?! ♥
♥ brigona?? Vai encarar!? ♥
♥ vítima? Nem sou, mas as coisas insistem em acontecer sempre comigo, tudo é eu, sempre eu, só eu!!! ♥
♥ ciumenta? Não, só cuido do que é meu!! =p ♥
♥ rebelde? Quando necessário!! ♥
♥ metida? Não, sou míope mesmo!! ♥
♥ esfomeada? Nem um pouco, a comida que não rende mesmo! ♥
♥ sincera? a verdade em primeiro lugar! ♥
♥ atrevida? Quando necessário! ♥
♥ mal humorada? Soh na TPM mesmo! ♥
♥ mimada? Um pouco♥
♥ linda?? Ah! Pelo menos minha mãe acha que sim! ♥
♥ inocente? Talvez! ♥
♥ criança?? Quem nunca foi uma?! ♥
♥ inimigos? Inimigos não apenas invejosos! ♥
♥ carinhosa? Excessivamente! ♥
♥ feliz? = D ♥
♥ apaixonada? Com certeza, amo das coisas mais simples até as mais complexas ♥
♥ ídolo? Deus ♥
♥ saudades?? Muitas deixei muita gente que eu amo ♥
♥ virtude? Coragem! ♥
♥ sonhos? Muitos! ♥
(copiado e colado de um perfil qualquer) .
As montagens e painéis cheios de fotos tiradas num mesmo contexto ou sutuação, assim como "galerias de amigos" também são outra constante nos Orkuts e Flogs da vida.Esses são apenas alguns exemplos de foto-clichês típicos da era da máquina fotográfica digital e do celular com câmera...*risos*. Talvez seja o correspondente contemporâneo de alguns retratos antigos, como os que retratavam crianças vestidinhas de branco, com os cabelos cacheadinhos, casais onde o pai aparece sentado ao centro, com a esposa e filhos em pé ao redor, ou fotos tiradas do busto para cima, com o modelo olhando para o lado (típica foto de dinheiro antigo *rs*). Enfim, é engraçado. Qualquer hora acho que vou sair "fuçando" os Orkuts e flogs de conhecidos, colecionando fotos assim e montar uma exposição de "mais do mesmo". *risos*






No fim das contas, cada um de nós é único e especial, assim como todo mundo...*risos*

sábado, julho 28, 2007

Que frio! Que frio! P.Q.P!!

Tá saindo fumacinha da minha boca... E eu tô dentro de casa!!
Nessas horas, dá muita saudade de Manaus.

E nenhuma da Finlândia...

Melhor que balança!

Ao invés de me pesar e entrar em parafuso, resolvi tirar uma foto minha de biquní a cada 15 dias.
Mais realista e menos doloroso que aque ponteirinho desgraçado.

PikeNices! no mundo dos adultos...

Hoje acordei, dei mamadeira pra PikTita, dei uma faxina e fui fazer o almoço. Minha mãe quase teve um troço quando entrou na cozinha e me viu ás voltas com panelas, facas, táubas, bacon..."O quê você tá fazendo?!" "Tô fazendo o almoço...Dá pra você me dar um voto de confiança aqui, ou tá difícil?"- dei risada.
Coitada, ela está com a cabeça tão cheia, que eu achei que poderia tomar essa iniciativa, já que ela havia dito que nem imaginava o que iríamos almoçar. Tive a idéia e botei as mãos na massa (literalmente). Só que, ao invés da mãe sossegar e ir cuidar das coisas dela, ficava aparecendo na cozinha de dois em dois minutos *risos*. Com certeza não estava botando uma fé no que iria sair dali...
E enquanto eu picava, cortava, temperava e mexia, ficava pensando que, a despeito da desconfiança da mamãe, aquilo deveria ser pra lá de natural. Com a minha idade e integridade física, é claro que eu seria capaz de preparar um almoço. Mas a lógica da minha mãe ainda me vê como uma garotinha, e uma garotinha mimada, que cresceu com cozinheira, ainda por cima.

E é verdade. Pra mim não deveria ser algo tão excepcional cozinhar, limpar e arrumar a cozinha. Mas pareceu. Parecia que eu estava fazendo algo que não cabia a mim fazer. Me senti exatinho como eu me senti na primeira vez que cozinhei macarrão com Aji-No-Moto: uma criança, fazendo coisas de adulto. Apesar de não ser a primeira vez, apesar de eu já ter morado sozinha e já ter tido responsabilidades domésticas antes, é sempre nesse momento (mais do que a maternidade, mais do que qualquer emprego), que eu mais percebo minha relutância em crescer, em virar "gente grande". Me sinto deslocada só em pensar que "já sou adulta". Não sei se isso é bom ou ruim, mas sei que é inevitável. E agora, casada de papel passado, com uma filhinha e prestes a encarnar de vez o papel de "dona-de-casa-mãe-de-família-esposa-e-mulher-trabalhadora", sei que não vai ter mais jeito de me ver de outra forma. A minha vida é isso agora. Não vou mais ser a filhinha. Vou ser a mamãe. Aliás, já sou. Consolidar isso é uma questão de tempo.

Todos comeram e gostaram do almoço que preparei. Ao final, lavei a louça e arrumei a cozinha. Ninguém disse nada, mas eu imagino que essa tenha sido uma forma sutil e definitiva de mostrar que as coisas mudaram: eu cresci.

Pra eles, e pra mim mesma.

sexta-feira, julho 27, 2007

Vê se enxerga..!


Frio. Falta de grana. Excesso de preocupações. Parece que o universo conspira para eu ter um péssimo dia.
Pelo menos, ainda- ainda- não me descontrolei no quesito "guloseimas". Não vou dizer o quê eu comi, porque ficar passando recibo de cada ervilha consumida é o tipo de paranóia delirante na qual eu nunca quero entrar. Acho que se preocupar com isso nesse nível de detalhamento é uma berrante evidência de um distúrbio alimentar. E eu tô bem sussa de ter gente no meu pé achando que eu estou doente. Uma vez, durante um jantar de família, começaram a insinuar que minha magreza era reflexo de algum transtorno idiota desses. Juro que foi apenas em respeito a minha avó, anfitriã da noite, que eu me segurei pra não descascar um monte em cima de quem começou com esse papo. Eu posso ser doida em muitos sentidos, mas achar que eu sou uma dessas malucas "pró-anorexia e bulimia" realmente me ofende. Fazer esse tipo de merda em prol da magreza absoluta é tão nojento quanto ser uma dessas obesas gordurosas que comem uns três "Big Macs" e se justificam dizendo que o lanche "é pequeno". Credo, tive uma amiga assim. O pior é que ela divertida, simpática, então era difícil fazer esse tipo de "crítica construtiva". Mas o fato é que ela gostava de sentar no sofá com um saco de bolacha e uma lata de leite condensado e ficar ali, comendo e peidando (!!) o dia inteiro. Claro que ela não fazia isso na presença de nenhum menino, ou amiga que não fosse íntima, mas pô, era bem chato...Tive uma outra conhecida que era um caso interessante: pensa numa mulher bonita. Pensa na Gisele Bündchen. Agora, pensa numa Gisele melhorada. É, melhorada, mermão! Nariz mais delicado, olhos mais brilhantes, corpo mais torneado...e pra coroar tudo isso, pensa na pessoa mais simpática que você já conheceu. Uma garota simples, bem arrumada mas de tênis, cabelo solto, maquiagem nenhuma na cara. Pois é. essa deusa existe, mora (ou morava) no interior de São Paulo e tem (ou tinha) um namorado...Bom, quando eu a conheci, pra vocês terem uma idéia, ela estava se lamentando por ele. Crise no relacionamento...Ela era louca por ele, mas não sabia se ele estava assim tão na dela, etc... Fiquei pensando "Pra esnobar uma garota dessas, imagina só o naipe do moço..!"

Tempos depois, eu a encontrei no shopping, passeando com o namorado, amor da vida dela, que fez questão de me apresentar:

Ele era baixinho, meio vesgo, cabelo meio ruim, gorducho, voz fanhosa.

O amor é mesmo cego, ou nós é que distorcemos a realidade?

quinta-feira, julho 26, 2007

Síndrome de Britney Spears

Chega.Não agüento mais me olhar no espelho. Tõ um BONDEEEE..!
Tá vendo essa foto linda aqui no layout? (---->) Pura propaganda enganosa. Isso aí não sou eu, ou melhor: não mais. Isso aí era eu, antes de passar por uma gravidez na qual engordei quase trinta (!!) quilos, ganhei mais celulites do que saberia contar, e meu cabelo virou um ninho de mafagafos.

Bom, pelo menos tenho meus peitos de volta...

Pra que não me conhece: eu fui gorda durante toda a adolescência. Aliás, não só gorda: era mais feia que trombada de betoneira com trio elétrico. Quando finalmente me conformei com a situação, já passando dos vinte anos, comecei (sabe lá Deus como), a emagrecer e ficar gatinha. Até que com vinte e cinco anos eu consegui virar modelo.

Tão linda que engravidei menos de um ano depois.Grrrr...

Durante a gestação eu descuidei, confesso. O começo difícil, a instabilidade emocional, o estresse, a situação..."Ah, tudo bem. Depois eu conserto o estrago." pensei.

Minha filha já tem quatro meses. E até agora, eu SOU o estrago.

E o medo de pegar uma "síndrome de Britney Spears" ? De "queridinha linda" a uma mãe gorda, desajeitada, traída...?
Tô sussa!!
Hoje mesmo começo a dar um jeito radical nisso. De verdade. E vocês, meus leitores, serão testemunhas. Exceto por alguma razão gravíssima, agora estarei postando todo dia, nem que seja uma única linhazinha, falando sobre meu progresso no processo de desembarangamento. Compromisso meu. Questão de honra, inclusive.

Quero ser uma "Mãezuda" e não uma "Mãecréia"...

terça-feira, julho 24, 2007

Overbook de idéias...


Foto: Rosa Moraes

Todo dia eu penso em umas mil coisas pra escrever aqui. E acabo escrevendo nenhuma, porque o que sai é algo sobre o acidente com o JJ3054. E eu já estou meio farta com isso. Poxa vida, eu me casei, tive a melhor noite de núpcias que eu poderia imaginar, rolaram duas festas dignas de comentários, meu marido viajou...E tudo isso passou em branco. Exceto o JJ3054.
Acho que é porque, apesar de não ser a primeira vez que isso acontece fisicamente muito perto de mim, talvez seja a primeira em que eu me deparei com o cadáver de um conhecido. A primeira em que pude sentir, ver, cheirar, tocar e perceber o pedacinho da minha vida que o acidente destruiu, queimou, arrasou. Não foi uma imagem na TV, não foi "algo que aconteceu aqui perto", simplesmente. Foi algo que entrou no "meu mundo" e me afetou muito mais do que eu achei que poderia. E isso é chocante e perturbador e me fez pensar em algo que eu acho que nunca tinha conseguido DE FATO ponderar: nos últimos momentos das vítimas. Em tudo o que elas podem ter experimentado entre o momento que perceberam que algo estava errado, e o último fôlego. Eles haviam pousado, os trens de pouso no solo. Seria a hora em que eu me benzeria e agradeceria a Deus por ter corrido tudo bem. Mas o avião não reduz a velocidade. Ainda assim, sem ver a cabeceira da pista, não me preocupo: por algum motivo o fato dos trens de pouso já estarem no chão, me dariam uma impressão de segurança. Eu olharia pela janela, veria o terminal passando rapidamente. A cabeceira. O posto e o prédio da TAM Express parecendo cada vez mais próximos. O fim da pista.
"Ele não vai parar." - e talvez esse teria sido meu último pensamento.

Em 2003 peguei um vôo da GOL de Curitiba para São Paulo, onde aterrisamos em Congonhas em condições adversas, tal qual a última terça feira. O dia estava cinzento, frio e chuvoso...foi num fim de tarde de Agosto. Foi a primeira vez que pousei em CGH, e por mim teria sido também a última. Toda a aproximação foi um terror: eu vinha encolhida na poltrona, com a sensação de estar "lambendo" os prédios da cidade, apavorada com a possibilidade de perder uma asa em alguma antena, juro. E, quando pousamos, na pista principal (mas, se me recordo bem, com o sentido de aproximação inverso ao do 3054), o avião também estava rápido demais. Não parava. E o trem de pouso não tocava o solo. Eu, sentada bem no meio do avião, não conseguia ver o quanto ainda tinha de pista pela frente. Mas achava que estava indo rápido demais. De repente, o trem de pouso toca o chão, mas da forma mais violenta possível. A impressão é de que o avião tinha "caído" uns três metros na perpendicular. Os bagageiros abriram, todo mundo se assustou. E eu saí tão transtornada da cabine que quase esqueci de pegar minha bagagem na esteira.

Até a semana passada, sempre achei que eu me lembrava desse episódio de uma forma um pouquinho mais dramática do que ele realmente tinha sido: primeiro porque tenho mesmo-admito- um pavor quase irracional de aviões (adoro vê-los, mas VOAR, neeem a pau!). Segundo, porque eu só estava naquele vôo pra resolver uma situação tensa e delicada na minha vida: havia ido para Curitiba naquela mesma manhã, de ônibus. Mal cheguei na rodoviária, tive de ir ao aeroporto, comprar uma passagem e voltar com urgência. Foi extremamente estafante, mental e fisicamente, além de ter sido o maior gasto inútil de dinheiro em toda minha vida.
Hoje vejo que talvez não tenha sido só um pânico exagerado meu. Aquele avião parou, mas e se não tivesse parado? Se tivesse aquaplanado, ou se o sistema de frenagem não funcionasse de forma eficaz, ou se ele viesse irremediavelmente rapido demais para a (hoje declaradamente) curta pista de CGH? Ele atravessaria a pista, seria um novo 402 a se esborrachar sobre as casas do Jardim Aeroporto.

Mas ao contrário das vítimas daquela fatalidade, que tiveram 25 mórbidos segundos para compreender a situação, eu só teria tido tempo de pensar uma coisa.

"Ele não vai parar."


E assim eu encerro,DEFINITIVAMENTE, meus comentários nesse blog sobre a tragédia do TAM-JJ3054.

sexta-feira, julho 20, 2007

Clichê Macabro














Foto: Rosa Moraes


"Eu não sei porquê você teima em abastecer aqui."

"Olha esse avião, vai cair em cima da gente..."

"Fala mais alto, não tô ouvindo nada!"

"Tá, vocês ficam aí babando no avião e eu vou pegar uma cerveja. Se morrer, morro bêbada..."

"Eu? Trabalhar AQUI? Tá louco..."

"Lu, cê é doida de ficar aqui...Olha a distância da pista!"

"Para bailar La Bamba...lá,lá,lá,lá...para bailar La Bamba..!"

"Se você se sente confortável tão perto da cabeceira da pista..."

"Que posto? Aquele que eu morro de medo?"

"Grande coisa que o ponto é bom! Se um dia um boeing resolver pousar aqui, te juro que não vai ser pra abastecer..!"

"Aquele Shell lá embaixo é mais difícil de sair, mas pelo menos eu não tenho que ficar rezando!!"

"E daí que eu tô fumando? Se cair um avião na minha cabeça, vai explodir tudo do mesmo jeito!!"

"Tenho medo, sim. A gente nunca sabe o que vai acontecer. E se acontecer o que eu tenho medo que aconteça, não vai dar tempo nem de sair correndo..."



Anos e anos de frases e piadinhas refletindo um medo que, no fundo eu esperava absurdo, fruto do meu...er...PAVOR de aviões. Contra a insistência da família em abastecer naquele posto, tão perto de casa, tão conhecido, tão familiar. Quantos cigarros, cervejas, trocas de óleo e de idéias...Quantas vezes, na volta das viagens eu não ligava a câmera pra filmar de dentro do carro, enquanto abastecíamos, um avião taxeando.No áudio, muitas e muitas frases para reafirmar o que a mídia não cansa de chamar de "tragédia anunciada".O que na hora parecia blablablá, era só uma questão de tempo. Mas, de novo, eu ainda me recuso a acreditar.

Contando os dias para voltar a Manaus, como em tantas tardes, antes ou depois da tragédia, subo até o fim da rua para olhar o que antes era o cenário de tantos momentos cheirando a gasolina. Antes que a segunda-feira chegue, nada mais existirá ali. Não fechou pra reforma, como da outra vez. Nem foi interditado, como tantos nessa onda de combustível alterado.

Caiu um avião lá.
Caiu mesmo.